15/05/08

Como (não) criar uma reportagem televisiva...

Nomes como Mário Augusto e Vítor Moura (Ambos para a SIC e TVI respectivamente) são os nomes mais visíveis destes dois canais para dar visibilidade às estreias e novidades cinematográficas na nossa televisão. Ora, para os mais "empenhados" e assíduos utilizadores de Internet (e por consequente, os blog de cinema) as informações que por eles dadas através destas notícias são irrelevantes ou com escassez de dados factuais. Por isso elas são mais destinadas a um público, digamos, menos instruído ou actualizado sobre este meio.


Apesar destes dois nomes, a programação restante não se destaca pela diferença: Assim nos programas noticiosos, logo aparecem os trailer retalhados, entrevista da "tanga", fait-divers, acabando por se desviar totalmente da objectividade da reportagem: O próprio filme é esquecido quando começam a divagar sobre Portugal e a sua língua, culinária ou paisagens... "Ai fui ao Algarve o ano passado. Adorei. Como se chama aquele prato típico...?"


Quanto ao Mário, admiro a iniciativa aquando o lançamento de ambos os livros sobre os Bastidores de Hollywood e a sua causa (apoiando a doença que afecta a sua filha) mas um cinéfilo que se preze tem de ir mais longe... Ok, ele é jornalista. Não tem obrigatoriamente de enterter mas sim de informar. Mas será a informação por ele divulgada suficiente?
O programa da Sic-Notícias 35 MM vai pelo mesmo caminho. Um conjunto de trailers, o box-office semanal e umas quantas entrevistas a uns actores conhecidos a conversarem sobre o acima mencionado. Mas principalmente Vítor Moura, que por ser mais cinéfilo assumido e exigente que o seu colega Mário, deveria tomar maior atenção no modo de reportagem que também toma. Porque Mário Augusto sabendo-se de que gosta de cinema, sempre deu a cara primeiro como jornalista.

Vá lá pessoal, façamos lá umas reportagens com "sumo"... Nós agradecemos.


E vocês, caros leitores, o que acham que deveria mudar neste panorama?

11 comentários:

Cataclismo Cerebral disse...

Acho que os espaços dedicados a cinema ficam quase sempre pela superfície, pelo conhecimento generalizado. Alguns nem têm tratamento jornalístico, resumem-se apenas a "colagens" de entrevistas, trailers, making-offs... O único espaço que aprecio neste campo é o do crítico João Lopes, às Quintas, na Sic Notícias. Acho que o seu modelo de abordagem ao cinema deveria ser tido como um exemplo a seguir nesta área.

Abraço

Ricardo-eu disse...

não é no âmbito da televisão, mas o cinemax, na antena 1 (penso que com crítica de joão Lopes), não é mau de todo.
mas verdade seja dita, a televisão deixa muito a desejar quando se fala de cinema, quer no que passa, quer quando fala dele, (desculpem relembrar, mas presumo que se recordam de, no AXN, aquando da transmissão dos globos de ouro 2006, a reportagem que foi feita; até na "falecida" revista premiere se comentou este facto)
puro desrespeito pela arte do cinema

Anónimo disse...

Tem 100% de razão Ricardo, o Cinemax às quintas na Antena 1 depois das 23h (desculpem a pub hehe) é realmente uma mais valia para ficarmos a conhecer melhor todos os filmes que estreiam entre nós semanalmente.
Era sem dúvida um bom modelo do programa a seguir para se "revolucionar" um pouco as reportagens televisivas que parecem nunca querer ser levadas bem a sério.
O Mario Augusto sempre foi assim, a tentar mostrar o lado mais humano e brincalhão dos "nossos" heróis de Hollywood mas chega a uma altura em que realmente cansa... queremos mais makings off e perguntas complicadas!! =P

De qualquer maneira aqui fica um bem haja ao Sr. Mário Augusto que muito fez para revelar o que de melhor se fazia no cinema no final da década de 80 e anos 90 e que a mim muito me mostrou numa altura em que não havia internet e as revistas com informações interessantes eram poucas ou nenhumas... Abençoadas Take e Red Carpet que neste momento existem =)

Um abraço

brain-mixer disse...

Após atender a estes óptimos feedbacks, percebi que o Cinemax está na ordem do dia. Confesso que não ouço, mas tenho de dar uma orelhada. Quanto ao João Lopes, a verdade é que não alinho nos seus gostos, acho-o muito pesadão e sisudo... Dinossauro? Talvez. Mas ele é realmente uma referência do cinema. A sua participação no Cartaz da Sic é de louvar sim senhor, mas aquele espaço deveria incluir mais "qualquer coisinha" mais animada...

Revirando estes mundos, o que achariam de um programa de entretenimento ao estilo de um "Revolta dos pastéis de nata" versão cinema? Com sketches, entrevistas, conversas divertidas...? É neste ponto que está realmente a faltar.

Abraço a todos ;)

Arte Revisitada disse...

Infelizmente, é triste a situação que hoje se vive (terá havido outra melhor?) relativamente ao panorama cinematográfico e à divulgação do cinema, como arte e como experiência.

O programa do Mário Augusto não deixa de ser simplista e redutor mas, vendo bem as coisas, é aquilo que vende, é aquilo que as pessoas querem. Não esqueçamos que estamos a falar de um programa de informação promovido por um canal privado, em que muitas vezes importa mais olhar para os números do que para o conteúdo.

Como aqui já li em comentários, considerar o programa do crítico João Lopes "pesadão" (pessoalmente considero-o uma das pessoas que mais percebe de cinema em Portugal, não por acumular conhecimento mas por saber falar e dissertar sobre qualquer assunto) não deixa de ser uma opinião, legítima, mas que é partilhada pela grande maioria dos espectadores que vão ao cinema. A estação televisiva Sic consegue apresentar dois olhares diferentes sobre o cinema, o que é de louvar. Mas não deveríamos estar a falar de serviço público?

A questão essencial está, a meu ver, não no formato televisivo dos programas, mas sim numa questão de mentalidade, dos espectadores e de quem promove os filmes. Sei de exemplos em que as distribuidoras marcam os visionamentos para a imprensa na véspera da estreia. Como será então possível, aos jornalistas dos diversos meios, saber promover (bem!) os filmes? É óbvio que para os blockbusters isto não se coloca. E para os outros?
A famosa frase do Il Gattopardo "Há que mudar alguma coisa para que tudo fique na mesma" é, neste momento, aquilo que menos precisamos.

Jubylee disse...

Eu sinceramente não estou bem a ver quem é o Vitor Moura. De resto conheço o trabalho do Mário Augusto, mas também do João Lopes. Prefiro mil vezes o último. Não consigo deixar de pensar, cada vez que vejo uma entrevista do Mário Augusto: "Mas que grande saloio!" Haverá necessidade de fazer aquele figura do amante de cinema que está permanente em êxtase de cada vez que se encontra com uma celebridade do cinema?? (mesmo quando já a entrevistou mais do que uma vez?)E depois, a profundidade daquelas reportagens deixa muito a desejar, incluindo qualquer tentativa de crítica ou análise que possa tentar fazer. O mesmo não posso dizer do pequeno espaço do João Lopes no Cartaz. Em muito pouco tempo faz uma análise bastante boa dos filmes que estreiam e também de sugestões de filmes já em DVD. Gosto muito de o ouvir falar. De vez em quando também o apanho na rádio (tenho a impressão que o apanhava também na Antena 2), mas nunca sei o horário - o que acabou de mudar.

brain-mixer disse...

O facto de um crítico saber mais que tudo sobre cinema não o determina como boa escolha para falar sobre filmes em TV. Preferia muito mais ter este senhor calmamente num café a falar de tudo um pouco, entre nós, mas não vê-lo na pantalha 15 minutos sem qualquer tipo de interacção. É isso que denomia a separação entre "produto televisivo" e paletras de seminário. O que eu sinto é que falta ali um meio termo entre o populismo barato do 35mm e a complexa refinação de João Lopes.

Eu preferia discutir outras alternativas a estes dois e não saber se o João Lopes será bom ou mau. sim, ele é bom, nos seus termos. Mas eu não me entusiasmo com a sua presença na televisão.

Abraço aos dois ;)

Anónimo disse...

Confesso que simpatizo com Mário Augusto, já li os livros dele e achei-os engraçados

O programa 35mm, cumpre os seus requisitos, mas não tem particular originalidade. É feito a pensar nas pessoas que, secalhar ao contrário de ti, de mim, de muita gente de "blogs vizinhos", e etc, etc... não tem acesso às "informações básicas" de Cinema. Mário Augusto apresenta os filmes que estreiam de forma simples, destinada a quem não passa por sites de Cinema regularmente e não tem tanta possibilidade de saber as boas novas da arte.
Não fui muitas vezes surpreendido sobre informação dos filmes que estreiam, mas o programa está feito para agradar ao maior número possível de pessoas, tendo portanto os "conteúdos básicos".

Sim, seria bom, muito bom, ver um programa recheado de originalidade que surpreendesse os cinéfilos com mais conhecimentos, mas esses, são um grupo muito pequeno. O nosso mercado no que a Cinema diz respeito é muito reduzido, prova disso foi a descontinuação da única revista sobre Cinema que era publicada no país!

Um programa precisa de audiências, mas a verdade é que no nosso Portugal, o interesse geral sobre a 7ªarte não ultrapassa o que o 35mm oferece: umas entrevistas simpáticas para ver as caras dos actores, aquelas perguntas (que por vezes parecem desnecessárias) sobre se visitaram Portugal, uns trailers dos filmes em exibição e pronto. O interesse não passa daí.
Talvez não se dê tanta atenção ao Cinema por aqui como gostaríamos, não sei... No fundo, a maioria não se interessa sequer por filmes com mais de meia-dúzia de anos!

Desculpa o tamanho do comentário, mas é que deste-me mesmo vontade de falar no assunto... se não te importares talvez alargue a minha opinião para um comentário mais elaborado feito num artigo no meu bloguezito... ;)

Grande abraço!

Unknown disse...

Por acaso este é um artigo muito interessante e que espelha muito bem a realidade portuguesa no que diz respeita ao mundo da cinefilia. Apenas o programa "Bastidores" da RTP2 explora um pouco melhor o mundo da sétima arte. Apesar do 35 mm ser um programa interessante, e confesso que o vejo com alguma regularidade, falta ao Mário Augusto aprofundar um pouco mais cada uma das fantásticas oportunidades que tem tido.

Abraço

brain-mixer disse...

Então estamos todos de acordo quanto ao 35MM? Ora pois bem... Parece que quem pede um programa destes é o cliente (Sic Notícias) e não o público. Esse, coitados espectadores que come o que lhes dão, rezam para um programa de qualidade com mais uva que parra. Não tão cedo virá uma coisinha dessas...
RJ e Fifeco, abraço ;)

FQ disse...

Definitivamente João Lopes, às Quintas, no Cartaz Cinema (SIC Notícias).