05/01/14

O regresso ao sucesso: "Careers Ressurections"

Após uma travessia no deserto, eis que regressam aos sucessos e aos elogios da crítica: Recuperam de uns valentes anos na sombra, quer por algum mau filme, ou por puro abandono da carreira.




Walt Disney Animation
Anos de prejuízo: 16 (1973-1989)
Ressurreição:  Little Mermaid

As longas-metragens da Disney são uma marca na História de Hollywood, muitos deles lendários clássicos do cinema. A década de 40 trouxe-nos a Idade de Ouro da animação cinematográfica. Após a morte do criador em 1966, a qualidade viria a decair imenso, sendo que muitos dos projectos teriam reciclagens de sequências anteriormente realizadas. 
Em 1973, Robin Hood seria o último sucesso, razia que se alastraria nos anos vindouros. The Black Cauldron foi o que se chamaria de “Rock the bottom”, bater no fundo.
Em 1989, uma sereia chamada Ariel renovaria uma companhia mítica. A animação no cinema regressaria pela porta grande. Logo a Disney produziria o primeiro filme nomeado nos Óscares para melhor filme com o Beauty & the Beast e nos anos seguintes seriam geralmente todos sucessos de bilheteira. Este período ganhou o nome de "Disney Renaissance", data compreendida entre 89 e 99. 
Mas a animação CGI faria das dela, sendo que a Pixar não estando (ainda) no domínio da Disney, deixaria a animação 2D encurralada. Os péssimos resultados no início da nova década ditariam uma longa pausa do desenho tradicional, relegado para segundo plano, em detrimento da computação gráfica. Mas os fracassos não surgiram sempre, já que a Pixar tratava de lhes encher os cofres de milhõe$ e prémios.




John Travolta
Anos de prejuízo: 5 (1989-1994)
Ressurreição:  Pulp Fiction

O rei da dança estava no auge com Saturday Night Fever e Grease. Estes títulos datam de 1977 e 1978, respectivamente. Após o estrondo, veio a bonança e os anos oitenta foram para ele tão calmos como inócuos. E em 1989 Look who’s talking seria um sucesso. Novamente seguido de outros fracassos e projectos desconhecidos. Mas em 1994 Quentin Tarantino dá-nos o seu filme de culto Pulp Fiction e com os prémios que arrecadou, o sucesso da crítica e do público reinventava John Travolta para uma nova dose: Correu atrás do prejuízo e nos dois anos seguintes colocaria 5 filmes acima dos 100 milhões de dólares de bilheteira.
Ultimamente a irregularidade está sujeita ao projecto com o qual está ligado, mas nada indica que Travolta volte a ser um triunfo no box-office.




Eddie Murphy
Anos de prejuízo: 6 (1990-1996)
Ressurreição:  Nutty Professor

Desde Another 48 Hours que Eddie Murphy não viria a cativar o público. E esse público não o poupou, principalmente após o grande trunfo que poderia ser Beverly Hills Cop 3. Arrasado por tudo e todos, o actor cómico faria mais um fracasso com Wes Craven. Misturar comédia e terror em Vampire of Brooklyn não era a melhor das ideias... Eddie Murphy precisaria de se agarrar à piada fácil e brejeira para regressar ao estrelato.
 Foi graças a dois remakes que ele o conseguiu: Nutty Professor e Dr Dollittle. Mais tarde, Eddie conseguiu até chegar à nomeação ao Óscar com Dreamgirls, mas após isso foi novamente o descalabro: Com Norbit, Meet Dave e Imagine That, voltou a cair no pântano. Quem sabe se não há segunda ressurreição...




Ridley Scott
Anos de prejuízo: 9 (1991-2000)
Ressurreição: Gladiator

Os anos 90 não foram generosos para com Ridley. Após Thelma & Louise lançou três “perus”, 1492, White Squall e G.I. Jane. Mas foi com a história do general que virou gladiador que o recolocava como um dos cineastas mais respeitados do momento: Foi o vencedor dos Óscares nesse ano e desde então que a qualidade se tem mantido estável. Actualmente fez um regresso às origens trabalhando em Prometheus, a prequela de Alien, o filme que o tornou um cineasta reconhecido. E há mais, regressando para breve a outro clássico da F-C, a sequela de Blade Runner. A querer completar o círculo?




Sylvester Stallone
Anos de prejuízo: 9 (1997-2006)
Ressurreição:  Rocky Balboa

O herói de acção dos anos 80 estava a sofrer das novas tendências nos blockbusters de acção. Os músculos estavam a ser substituídos pelo CGI e o público virava-se para outro tipo de entretenimento. Por aí houve tempo para alguns semi-fracassos mas sempre com o seu cunho pessoal. Em 1997 o bom papel em Copland levara-o a filmes mais sombrios e menos comerciais. Foi a morte do artista.
Só com o retorno de Rocky, num filme aclamado, colocaria Sly de novo nos tempos áureos da década de oitenta: Entretanto reorganizou-se com o que o tornava num sucesso de bilheteira, o dito “acção musculada e explosiva”.
Stallone já teria uma mini-ressurreição em 1993, com Cliffhanger. Ao que parece, tem conseguido a cada década reconquistar o público. Agora tem sido com os sucessos dos Expendables. Quanto à crítica, essa, é mais instável...




Tom Cruise
Anos de prejuízo: 5 (2006-2011)
Ressurreição: Mission: Impossible - Ghost Protocol


Triunfou nos anos 90, entrou bem no novo milénio (quase todos acima de $100 milhões a nível doméstico) e os seus filmes eram geralmente sucessos de bilheteira. E o caos aconteceu: Katie Holmes dá-lhe a volta à cabeça, Cruise enlouquece no programa da Oprah e o mundo não gosta do que vê. As estreias seguintes não convencem e os números não são gentis para com Tom. Mesmo Bryan Singer não consegue dar a volta com Valkyrie: Os Óscares não lhe dão troco algum. Até quando, Tom?
Até outra Missão, pois então. A quarta aventura de Ethan Hunt deu-lhe um sucesso de bilheteira de fazer sorrir os produtores aflitos (ele também um deles), com um 5º a aparecer nos próximos anos. Série à prova de falhas, né?
Mas há que salientar que foi aquele pequeno papel em Tropic Thunder que fez abanar o barco e rumar para a corrente certa...




Mickey Rourke
Anos de prejuízo: 16 (1989-2005)
Ressurreição: Sin City

Nine 1/2 Weeks, Angel Heart, Wild Orchid. Deram-lhe a fama. E depois a droga. 
Entre esses 16 anos, foi aparecendo em Double Team com Van Damme e Spun, um filme-parasita na mesma linha de Requiem for a Dream.
Acabou por ser domesticado por Aronofsky em The Wrestler, valendo-lhe uma nomeação aos Óscares. E isso garantiu-lhe o papel de vilão-mor na sequela de Iron Man. E no mesmo ano seguiu para a equipa dos Expendables do Stallone. 
E a sua boca suja e mau feitio voltou a dar-lhe cabo da carreira. Ele actualmente anda por aí perdido aos cucos. Vão lá procurá-lo...




Ben Affleck
Anos de prejuízo: 4 (2003-2007)
Ressurreição: Gone, Baby Gone

Uma carreira em ascensão: Good Will Hunting (vence um Óscar), Shakespear in Love (participação em filme vencedor de Óscares), Armageddon (maior blockbuster desse ano),  um super-herói de nome Daredevil. E tudo treme. Seguem-se chouriços de John Woo, Paycheck e Jersey Shore de Kevin Smith. Uma nada fácil vida privada com Jennifer Lopez, com um filme a meias (que nem sequer vou referir o seu nome). Farto de ser saco de pancada, decide fazer-se de Alice e caminhar através do espelho: Vira realizador. E deu frutos. 
E que frutos! Gone, Baby Gone é aclamado, The Town é respeitado. Com Argo, vence os Óscares e é efectuada uma limpeza de cadastro.
E agora também Batman? Whoaa... Que menino!




Matthew McConaughey
Anos de prejuízo: 11 (2000-2011)
Ressurreição: Lincoln Lawyer

A Time to Kill, Amistad, Contact. Faz um épico passado nas batalhas submarinas em U-571 em 2000. Grande futuro pela frente. E depois? As piores escolhas que um actor pode fazer: Comédias românticas.
E aos rodos: Foi com a Jennifer Lopez, com a Jennifer Garner, com a Kate Hudson (duas vezes!), com a Sarah Jessica Parker. Whyyyyy?? 
Mas com Killer Joe, Magic Mike e principalmente Lincoln Lawyer que os críticos foram mais brandos com ele, reconhecendo-lhe o talento embrulhado ali pelo meio de escolhas desastrosas. Para o ano estreia-se com Christopher Nolan em Interstellar, e isso meus amigos, é um shot de TNT no impulso da sua carreira.




Will Smith
Anos de prejuízo: ? (2013-????)
Ressurreição: A designar...

É o nome que quero preencher nos próximos anos... O Million Dollar Man perdeu a faísca. Dono de um invejável currículo, estampou-se com After Earth. Muito por culpa do seu filho, mas também de uma carreira desacelerada, poucos filmes nos últimos anos fazem um público esquecer-se dele.
Mas as sequelas registadas na sua página IMDB podem alterar isso. E ID4 - 2, se aceitar. Ou o aceitem. 
É actualmente designado de Box-Office Poison
Lamentável.



Post Scriptum...
Não vou falar de Drew Barrymore com o Scream pois a infância de uma miúda pode ser a real bitch.
Nem de Robert Downey Jr porque afinal, antes de Iron Man ele nem era Star-Power ou A-list.
Ou de Liam Neeson com Taken ou Vin Diesel com Fast & Furious 4, porque uma carreira também pode ser meramente medíocre sem ser ressucitada.
Ou de Christopher Lee nos épicos blockbusterianos, só porque afinal a velhice dá sempre jeito quando se precisa de um idoso bem talentoso e com uma carreira incrível.

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