12/07/14

4K numa caixinha mágica


Os maiores fabricantes de televisores mundiais andam agora loucos a injectarem-nos a nova pérola do deserto, o UHD.
O Ultra High Definition, ou 4K, para abreviar, parece ser um salto qualitativo impressionante, desde que o HD surgiu para desfazer os PAL e NTSC da vida. Uma imagem mais que cristalina, é verdade, apesar de só se notar a diferença em aparelhos acima das 55 polegadas...
E... esse é um tamanho considerável para qualquer um de nós. Não só na carteira (que pesa a qualquer marmanjo que sue as estopinhas para ver os sparks do Bay no seu esplendor), mas também naquela parede da sala que bem alberga aquela foto de família (ou consoante o caso este quadro ou mesmo este).
Ora essa parede será francamente engolida pelo massivo ecrã de 55"-ou mais. Não é que eu seja contra, até mesmo eu gostaria um dia de espetar uma bela 65" 3-D mas-nada-disso-de-curva-que-agora-está-na-moda.



A minha questão é "até onde isto vai parar"?
Estarão os estúdios cinematográficos interessados em ver este negócio estender-se para as casas do zé-povinho?
Porque vejamos, 4K num excelente projector, é essencialmente um projector de cinema! Quem sabe se daqui a uns anos a Epson ou a Sony nos deleitam com essa maravilha a preços de Verão...
Nem preciso ir tão longe em divagações, basta dar um pulinho à FNAC/MediaMarkt/Worten (selected stores only, pessoal) tentar encontrar aquele OLED de 85 polegadas monstruosa que me deixa a babar na alcatifa de cada vez que lhe deito o olho. Sim, parece typo quando olho para o preço, mas os 30 e tal mil euros baixarão para os quatro dígitos numa questão de 4 ou 5 anos.
Estão para lançar uma de 110"? Tá-se bem. Subam a parada.


E os cinemas? Aquelas telas como as conhecemos? Vão fechar?
O caminho a seguir é essa coisa do Netflix e do Pay-per-view? Só pode.
Ahh, temos o IMAX. É caro que dói, demasiado elitista.
OK, agora estarão a pensar "mas não há ainda conteúdos suficientes produzidos em 4K". A massificação trata disso. Lembram-se do BluRay? Choveram numa questão de meses. Depois, andaram ao despacho no Jumbo a 3€ (e eu aproveitei).Se o mercado pedir 4K, os produtores fornecerão 4K. Talvez não em formato físico, mas em 01010100101010101
Digital, meus senhores.
Os cinemas vão acabar por quase todo o seu império, como os Visionário Tecnochatos andam a balbuciar desde a Idade da Pedra.
Não, espera. Os cinemas irão revolucionar-se, como nos anos 50 e 80, para assim criar uma nova Golden Age (por esta altura estamos na de chumbo). Que raio, quem sabe andaremos a arrastar-nos entre o cinema e o conforto do lar onde "aquela freaking huge TV nos faz arder os olhos de tão perto que ela está" só porque é ritual e faz bem à Vida Social. A escolha será sua.

E se/quando isso acontecer, os piratinhas estarão em cima do acontecimento, como seria de esperar.
E eu? Vou esperar pelo lavar dos cestos, que a vida não anda fácil para ninguém.


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