18/08/15

Remakes dos Avec's

O Pátio das Cantigas continua a sua limpeza no box-office português (para meu desagrado, devido à pobre qualidade da obra) e não auguro nada de bom às próximas duas películas da suposta "trilogia dos novos clássicos".
E penso que em vez de chafurdar no nosso passado cinematográfico, porque não ir importar remakes lá de fora, mais concretamente de França? Porque não? Os americanos já o fazem há décadas!
Ora, segundo a nossa tradição cultural, temos certas afinidades com o país francófono, não fôssemos todos nós europeus... Jogando com os nossos modeklos culturais e hábitos nacionais, há certos filmes que seriam perfeitamente capazes de serem enquadrados na nossa filosofia de vida. Sigamos...
(Quem nunca viu nenhum dos filmes, faça o favor de assistir a cada trailer. Legendado Br, pois claro)



Bem-vindo ao Norte
"Bienvenue chez les Ch'tis" (2008)
Para fazer a vontade à sua mulher Julie, que se encontra bastante deprimida, o administrador dos correios Philippe Abrams (Kad Merad) faz tudo para conseguir transferência para o soalheiro Sul de França. Mas quando Philippe é apanhado a fazer vigarices para conseguir o novo lugar, o castigo não podia ser pior: para pagar as suas asneiras ele terá de trabalhar durante três anos, na estação dos correios de Nord Pas de Calais, uma das regiões mais industriais e frias do País. Depressa, porém, ele vê-se a passar bons momentos com os afáveis e bem-humorados habitantes do Norte, acostumando-se à sua peculiar cozinha e até mesmo a aprender o dialecto local, o incompreensível Ch’ti...

Agora substituam "Sul de França" por "Algarve" e "Nord Pas de Calais" por "Trás-os-Montes" e temos obra prima. Temos o frio, a gente singular e genuína. Mas acima de tudo, a espécie de dialecto. Mirandês, anyone?




Nada a Declarar
"Rien à déclarer" (2010)
Durante a época de abolição das fronteiras europeias, nos anos 90, Ruben, um guarda fronteiriço de uma cidade belga, e Mathias um seu homólogo francês da cidade vizinha, tentam lidar com o triste facto de as suas funções serem suprimidas. Ruben, para além de perfeccionista e excessivamente zeloso, odeia franceses e tudo o que o possa lembrar França. Por seu turno, o colega Mathias (Dany Boon), considerado inimigo desde sempre, vive um romance secreto com a sua irmã.
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Também temos cá disto, Evaristo! Que tal em Vilar Formoso, com os intragáveis espanhóis para nos meter em confusões? As inspecções fronteiriças em pleno Agosto aos emigrantes portugueses eram de bradar aos céus (e falo por experiência própria eheh)



Que Mal Fiz Eu a Deus? 
"Qu'est-ce qu'on a fait au Bon Dieu?" (2014) 
Claude e Marie Verneuil (Christian Clavier e Chantal Lauby, respectivamente) formam um casal francês tradicional. São católicos e têm quatro filhas: Isabelle, Odile, Ségolène e Laure. O seu maior desejo é que cada uma delas constitua família com alguém que encaixe nos seus parâmetros conservadores. Mas, para sua desilusão, as três mais velhas escolhem para maridos Rachid, um advogado de origem argelina (a família trata-o por "Arafat"); David, um empresário judeu (o "Rabi"); e Chao, um gestor chinês (o "Jackie Chan"). Em nome da harmonia familiar e da felicidade das filhas, Claude e Maria acolhem-nos mas, apesar de todos os seus esforços, não conseguem esconder o desconforto. A sua última esperança é Laure. Quando ela lhes anuncia que vai casar-se e que o noivo é católico, eles respiram de alívio… Mas só até conhecerem o futuro genro, Charles Koffi, que é africano. Enquanto Marie fica cada vez mais deprimida, Claude decide partir para a acção e sabotar o casamento. Nesse processo, vai contar com um cúmplice improvável: o pai de Charles, que também não está nada interessado em ter uma família multicultural...

Trocar argelino e judeu por brasileiro (com uma das milhares de religiões tão comuns lá no país) e ucraniano (ortodoxos também são pedra no sapato). Chineses também os cá temos. Ou se quiserem diferir um pouco, podemos chamar os indianos.
De África importamos os católicos caboverdianos, povo afável e alegre. Sucesso garantido!





Se estes três correrem bem, podem fazer mais um...

La Grande Boucle (2013)
François é um homem apaixonado pelo Tour de France. Após ser demitido pelo patrão e abandonado pela esposa, ele decide encarar o desafio de fazer a "Grande Volta", saindo com um dia de vantagem em relação aos atletas profissionais. A proeza de François vira notícia e os organizadores do Tour ficam enfurecidos. Alguém precisa detê-lo.
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"Volta a Portugal", pois claro! A subida à Torre, a bela etapa da Senhora da Graça. Tudo material a explorar.



Caramba, até A Gaiola Dourada funcionaria! Revertendo a história para acompanharmos uma família ucraniana em Portugal, entre gente trabalhadora onde no país deles até são doutorados e com estudos...


(As sinopses foram retiradas a meu belprazer - e por preguiça - a sites como cinema.ptgate ou Adorocinema. Ficaram avisados)

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