Colaboração? Sim! Eles escrevem, eu ilustro!
A ideia é criar um novo vocabulário para os cinéfilos sedentos de palavreado brejeiro, ou apenas em modo pseudo-crítico. Querem escrever críticas cinéfilas à trolha? Então 'bora lá aprender.
(convidados anteriores: Pedro Cinemaxunga, Hélder Almeida, Carlos Reis e Sofia Santos)
A quinta participação é de Rita Santos, do blog Not A Film Critic.
Mãe de todos os clichés
Também é conhecida por “Mãe de todos os lugares-comuns” mas utiliza-se mais frequentemente com a palavra “cliché” porque empregar palavras de origem francesa é mais chique.
Estão a ver quando se encontram em amena cavaqueira com os vossos outros amigos cinéfilos – a espécie não tende a fazer cruzamento – e quando lhes é pedido para identificar o “cliché” que consideram mais irritante num género específico oito em dez referem a mesma situação? Bingo!
Vamos recorrer a géneros de extrema originalidade e totalmente aleatórios tipo o terror e a comédia romântica, para encontrar bons exemplos, sim?
- Um grupo de personagens que se sente acossado por um mal comum decide separar-se. Perdendo a força do número, os personagens começam a ser “despachados”, alguns até fora de cena. Preciso mesmo de nomear alguns filmes?
- Uma patinho-feio faz uma mudança radical de imagem tornando-se, de súbito, bela e o actor principal que até ali não lhe prestava a menor atenção apaixona-se de perdição. Este é daqueles clichés que se topam a quilómetros de distância. Basta ver a personagem feminina para se perceber que tipo de filme vai ser. Ele há exemplos com fartura: “She’s all that”, “My Big Fat Greek Wedding”, “Miss Congeniality”, etc, etc, etc…
Lynchiano
Mas também podia ser Craveniano, Bayonismo, Shyamalano, etc. O céu é o limite. Basta ter vontade de indicar um realizador e ter gosto pela criação de palavras novas. Regra geral, o cinéfilo encontra num filme do próprio ou de qualquer outro realizador, elementos muito típicos daquele estilo de realização. Por exemplo em termos (muito) latos: Surrealismo = Lynchiano; humor auto-referencial = Craven; explosões e babes em trajes menores = Bay; mestria no domínio do suspense = Hitchcock. Alguns serão mais utilizados que outros mas Lynchiano, Cronenbergiano ou Hitchcockiano estarão entre os mais cool. Há aquele cinéfilo que recorre a eles como referência para os leitores e soa bem em qualquer texto do crítico de cinema.
Exemplo: “(…) a sequência ilustra o melhor do universo Lynchiano”. Perceberam? Não é indispensável que entendam, mas que fica bonito...
Mata-insónias
aka Filme Soporífero. Ah, o maior temor do crítico de cinema. Há o filme que se ama, o filme que se odeia e depois existem os outros. O pior é quando o crítico se depara com o filme que é tão mau que o imdb pela primeira vez até acerta na cotação do filme, certo? Errado. O crítico desespera na hora de descrever aquilo que viu quando tudo quanto pensava enquanto o visionava eram as tarefas domésticas que tinha adiado para o poder ver. O filme “Mata-insónias” é aquele que não é mau mas também não iria a correr chamá-lo de “filme de jeito”. Apenas não tem nada de memorável. Pouco há de mais penoso que a película que foi feita sob o efeito de opiáceos e parece destinado a adormecer o espectador. Recordam-se daquele filme que viram naquele dia, naquele canal, àquelas horas, sobre aquela coisa? Pois eu também não.
Exemplo: O “Loft” (2005) é um “mata-insónias”. Custou-me imenso recordar-me de um exemplo (vá-se lá perceber porquê). Dormem que nem um bebé. Juro.
Obrigado à Rita por aceitar o desafio.
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