08/07/05

A arte da manipulação

Em todos os filmes, o argumentista gosta de surpreender o espectador. Ora, em alguns casos, usa e abusa das surpresas e confusões. Mostro-vos aqui uma pequena lista de alguns destes filmes.



Maverick
Comédia à espertalhão e muito tresloucada com Mel Gibson, que faz constantemente de gato sapato o espectador, trocando-lhe as voltas (umas vezes sem nexo, outras de chorar a rir de tão conseguidas são as situações). O último quarto de hora é como ping-pong: Nunca sabemos muito bem o que se vai seguir.



Man on the moon
Inteligente comédia com Jim Carrey a personificar impecavelmente o malogrado humorista Andy Kaufman. Este, incompreendido na sua época, jogava a toda a hora com o espectador sobre o que era simulado ou real, intencional ou acidente. Assim, neste filme, quando estamos em choque ao ver as implicações do trabalho dele para com a sociedade, ficamos logo de seguida dois degraus abaixo da genial mente manipuladora que é a de Kaufman.



Wild things
Este muito fraquinho filme tornou-se principalmente conhecido por ter cenas escaldantes entre duas beldades de Hollywood: Denis Richards e Neve Campbell. Passe a redundância destas imagens (digo aqui um UAU! bem grande para elas...), O resto do filme é de uma miscelânea desbravada de conspirações, esquemas obscuros, negócios secretos, chantagem e outras formas de reduzir o filme a uma montanha russa de twist's intercalados. O grande exemplo é o da última sequência, em que em apenas alguns minutos se confundem as personagens todas, as suas intenções e personalidades. Ufff!



Usual suspects
"Quem é Keyser Soyse?", a dúvida persistiu até ao final do filme, terminado com uma daquelas que ficam para a história do cinema (Vejam o post sobre os melhores Twist's finais, mais abaixo). Durante todo o filme construimos lentamente todo o puzzle que nos fornece Verbal Klimt (Kevin Spacey, para quem não sabe), mas valerá mesmo a pena esfumar o nosso cérebro para acompanhar todo o acontecimento daquela fatídica noite? Sem dúvida... E que Brian Singer que o diga. Foi este o filme que lhe abriu as portas de Hollywood e da glória que viria a seguir.



The game
David Fincher no seu estilo: Argumento reforçado com os típicos temas do realizador (De noite, tentativa de 'libertação' do personagem, mentes perversas e agonizadas), um estilo que aqui varia entre o puro jogo interactivo com a cidade e uma infernal viagem que acaba na grande surpresa da parte do irmão do protagonista.



Basic
"Toda a gente conta uma história diferente". Uma referência a "Rashômon", filme de Akira Kurosawa, onde cada pessoa conta a sua versão da história. John Travolta é o interrogador de serviço que tenta saber de toda a embrulhada militar que por ali vai.
**SPOILER**
A SECÇÃO 8 faz parte integrante do caso, que vai criando um plano para apanhar os verdadeiros culpados.
**FIM DE SPOILER**


The sphere
A mais pura psicologia da mente humana colide com a ficção científica. Mal estimado pela crítica, da minha parte defendo o filme como um bem conseguido thriller de F-C. Não me queixo nem das interpretações nem do argumento, mas à parte a realização um pouco rebuscada de Barry Levinson, o filme tinha pernas para andar. Uma misteriosa esfera é descoberta no fundo do mar, que aos poucos vai-se revelando como o perfeito "espelho da alma". Daqui a uma catástrofe submarina é um pequeno passo, acabando na mais simples vontade dos sobreviventes preferirem a ignorância para sobreviverem. A ver.



Total Recall
Espectacular aventura com Schwarzenegger, realizado pelo grande mestre da violência gráfica Paul Verhoeven. Aqui o centro da questão do filme é saber se o herói sabe demais ou não sobre Marte e os seus segredos. Pelo meio há tiros, explosões, cabeças desfeitas, miúdas giras... enfim, um regalo para os olhos. Mas também para o cérebro, porque se o argumento é (um pouco) complexo, a sua forma está lá toda. Joga com os efeitos do real-não real, com a manipulação da mente e possíveis finalidades da indução forçada. Basta notar que a história original foi escrita por Phillip K. Dick, um dos mais influentes autores de Ficção científica.



The village
Shyamalan escreveu uma bela história sobre o amor, aquele mais puro e verdadeiro, mas também a história de uma comunidade manipulada para não sofrer as consequências do exterior. As criaturas que todos dizem existir e que podem ser agressivas e mortais para quem se atrever a perturbar o seu território são o ponto de partida para um bom duelo entre coragem e cobardia, entre a ignorância da limitação geográfica a que se submeteram e a vontade de ir 'mais além'.

2 comentários:

gonn1000 disse...

"The Village" e "The Game" são realmente muito bons, mas o "Wild Things" é mesmo fraquinho...Gostei do blog :)

Anónimo disse...

"the village" e "usual suspeccts" e"maverick" são realmente muito bons!

-Gabriella