10/09/06

DESILUSÕES, VAIAS E APUPOS

Parece que é geral: Está na moda vaiar um filme no final, quer ele seja prestigiante ou com um hype enorme atrás dele. Em toda a internet se fala nisso, mesmo pelos blogs cinéfilos nacionais o tema parece estar na ordem do dia.

Desde os diversos filmes inscritos na minha "lista de expectativas" para 2006, muitos deles foram para já reduzidos a meros filmes sem futuro. A polémica alastra-se quando em festivais glamourosos como Cannes e Veneza se dá largas à opinião pessimista.

Ora vejamos:
Southland Tales estreia em Cannes. Todos torcem o nariz à fábula futurista-musical de Richard Kelly. Queixam-se também que as 3 horas de filme são penosas e aborrecidas.

Lady in the Water estreia nos Estados Unidos e (quase) toda a crítica especializada varre o filme para um canto com o desabafo de que Shyamalan perdeu o talento para contar histórias.

The Fountain estreia em Veneza e é vaiado, assobiado e apupado no final do filme. Aronovsky não esperava tal recepção.


Se toda esta polémica está a ser difundida para todo o mundo mostrando a ideia errada de que os filmes são maus, isso será um grande golpe para o eventual sucesso económico destas obras no resto do mundo. As bilheteiras sofrerão com isso nem que seja para recuperarem o dinheiro investido. Mas se isso aconteceu com World Trade Center de Oliver Stone, que para além de também ser outro dos vaiados, não se conseguiu segurar nas bilheteiras (mas na realidade, este WTC não era para ganhar dinheiro. Não era esse o objectivo), o mesmo não aconteceu com O Código DaVinci. Apesar de arrasado pela crítica e que nem o público gostou da obra, não foi o suficiente para o tirar do topo dos filmes mais vistos neste ano mundialmente. Para este último parece que a polémica deu frutos: Digam mal, mas vejam o filme antes de dizer mal...

Para concluir, posso apenas desabafar os meus receios de uma idêntica recepção às futuras obras apoiadas pelo brain-mixer que estarão para sair brevemente: Falo obviamente de INLAND EMPIRE e The Science of Sleep. Estarão também estes condenados a seguir o caminho dos anteriores?
Se todos eles acabarem por se tornar filmes-de-culto amados por uns e odiados por outros, então venham lá as más línguas!

6 comentários:

Gonçalo Trindade disse...

De facto... parece que é moda assobiar ou aplaudir no final de um filme, quando ele é exibido num festival. Aplaudir até percebo, mas assobiar? Isso sempre me pareceu de uma arrogância extrema, principalmente quando são os críticos que o fazem.

Mas enfim... o The Fountain recebeu uma ovação de pé por parte do público, e assobios por parte da crítica especializada. O que mostra que a opinião dos críticos nem sempre reflectem a opinião do público (vejamos também o exemplo do filme A Vila... os críticos odiaram-no, mas eu considero esta obra como a melhor que Shyamalan fez até agora).

Como disseste, seja um mau filme ou não, temos de ver o filme antes de poder dizer mal.

Infelizmente, hoje em dia os lucros alcançados nas bilheteiras não reflectem a qualidade de um filme. Um filme mau pode fazer milhões, e um filme bom pode ser um fracasso total.

Tem tudo a ver com propaganda que o filme recebe, não com a sua qualidade.

O que revela apenas o tipo de público que vai ao cinema hoje em dia, e a direcção que a indústria do cinema está a tomar...

André Carita disse...

Edgar, o mesmo se passou com a paixão de cristo que vou completamente arrasado pela crítica e lembro-me dos inúmeros documentários que surgiram na televisão e nas opiniões dos padres e católicos em relação ao filme.
Mas é como tu dizes e como pensou Mel Gibson... O importante aqui não é se fale bem ou mal mas sim que fale sobre o filme!
Infelizmente o cinema parece estar entregue a determinados indivíduos que devido ao seu estatuto (?) pensam que podem assobiar e dizer que o filme é mau sem referirem um único argumento válido para isso (todos limitam o seu discurso à duração, ao facto de ser penoso... enfim, o pão nosso de cada dia).
É pena ver como o cinema é tão mal tratado em festivais que sempre considerei de imensa categoria e bom gosto!

Um abraço!

Francisco Mendes disse...

"INLAND EMPIRE" gerou bocejos monumentais em Veneza... Será que estes cineastas andam demasiado à frente para a mediocridade vigente destes tempos?

brain-mixer disse...

Gonçalo, concordo contigo (eu e muitos outros) com A Vila ;)

Mas é preciso ter em atenção o facto que um filme render nas bilheteiras é geralmente sinónimo de outro fôlego no 'director's cut' de cada autor. Em alguns exemplos, vou referir Terry Gilliam, o facto dos seus filmes não serem rentáveis o deixa limitado em obras que queira levar a avante... As dificuldades de arranjar novos projectos torna-se cada vez mais penoso, chegando ao ponto dos cineastas portugueses :P

André, a Paixão de Cristo também foi "arrasado" por mim! LOL

Membio, estamos em sintonia ;)

Francisco, Lynch já provou ser "muito à frente" por diversas vezes! Não é agora com um punhado de críticos mal-emproados que o vai deixar desiludido... Ao contrário dos restantes (que fique de fora Oliver Stone), Lynch não é novato nestas andanças...

Susana Fonseca disse...

Questão/desafio sobre os filmes de Almodóvar!!!

MPB disse...

Continuo espectante em Relação a LADY IN THE WATER e THE FOUNTAIN... ver para crer :)

Quanto a Lynch, vai mostrar mostrar que o Digital não é unicamente o HD (high defenition), e mais uma lição de cinema.