15/12/10

Memórias de Infância - III



Videocapas.
Ai as famosas videocapas...
Já vos falei na minha constante busca por todas estas capas em cada revista semanal. Hoje vou contar-vos como me arranjava quando não havia videocapa para o filme que tinha acabado de gravar.

"A TvFilmes também as tinha, mas para a época não primavam pela qualidade"

Desenrascava-me. À grande!
Numa época que o computador não existia em minha casa e a ideia de imprimir imagens era do género "impressora de agulhas a preto e branco", eu encontrava outra solução. Estava completamente envolvido na onda Dadaísta.

Todas as revistas tinham as obrigatórias imagens desses filmes, algumas em pequenino, outras em grande. Construía capas repletas de recortes de revista, escolhia as que mais gostava e colava-as de modo a enquadrarem-se com as "limpinhas" das revistas.
Havia, pelo meio, umas pintadas a caneta de feltro, outras delas, quais mutantes ou familiares de Frankenstein, eram pedaços de umas e de outras capas... esta última criação acontecia quando tinha dois filmes na mesma cassete.

Exemplo para capa de Nightmare on Elm street 5 + Under Siege. Um must, hem?!
Sendo que os dois filmes eram bons e não conseguia escolher qual a capa dominante, acabava por recortar a traseira (aquela parte com imagens, sinopse e ficha técnica) e colava a capa do segundo filme.


E perguntam vocês, essa traseira para onde ia? Lixo?
Nãaa... Poupado demais para deitar fora.
Essa "traseira" com o texto e imagens era colada à parte interior da caixa, de frente com a própria cassete. Uma forma engenhosa de criar aqui "limited editions" em formato caseiro, eheheh.

Acabei por produzir inúmeros exemplares, principalmente para cassetes onde dois filmes se reuniam em cassetes de 3 horas. Nunca cheguei a gravar três filmes em cassetes de 4 horas, diziam que fazia mal ao leitor VHS, que a quantidade de fita em demasia pesava as cabeças... Mas para filmes como Ben Hur ou A Lista de Schindler lá tinha de ser uma de 240mns.
Achava uma idiotice quando contava os minutos que sobravam de cada cassete e via que me restavam algo do tipo "1h17mns". Isso geralmente dava para um filmezinho de terror manhoso. Acabava por acontecer, é certo, comigo a passar a noite a cortar as publicidades para caber tudo. No fim, restava-me fazer uma capinha com um filme de comédia e um slasher movie... Não saía bonito, não.
Mas o que me dava prazer era fazer dípticos. Como filmes e suas sequelas, ou reunir filmes da Disney (que duravam quase sempre menos de 1h30m). Era sempre uma batalha depois encontrar imagens para tudo isso, principalmente para os filmes de animação, que como se lembram nunca passavam nas generalistas, até pelo menos os filmes da Pixar mudar isso.

O díptico "Schwarzie", já com a ajuda do meu PC Windows95 feito no MS paint...


O díptico dos "Três Homens" bem amanhado.

Anos mais tarde, surge uma revista pequena e baratinha, que anunciava e promovia os lançamentos em vídeo, numa edição semanal: A Notícias Vídeo.
Com páginas inteiras dedicadas à promoção de filmes recentes, a maior parte delas incluía uma perspectiva da caixa VHS com a respectiva capa. Era tiro e queda que eu iria utilizar essa imagem... Aproveitava para recortar tudo quanto fosse poster para criar as capas para as cassetes VHS.

Mutantes, estranhas formas de papel e criações pseudo-artísticas eram guardadas lado a lado juntamente com as K7 originais, num confronto entre o xunga e o comercial.
"Umas Notícias Vídeo já bem antigas"


Continua...
(Não percam para a próxima semana, o último capítulo, sobre as revistas que me encheram o coração)

3 comentários:

Peter Gunn disse...

Agora com esta de fazeres as próprias capas é que me "mataste" ;)

Mas que grande engenhocas!

Pensava que o copy / paste era só aqui no Brain mas afinal tou a ver que a coisa já vem muito de trás!

Um abraço amigo

ArmPauloFerreira disse...

Eu também adorava ficar com as páginas que serviam de capas para as minhas gravações e eram as revistas que ajudavam... mas não ia muito longe. Nas casstes de audio eu desenhava as capas e pintavas ilustrações que inventava para lá... principalmente nas que comprva na feira da vandoma do Porto.
Mais tarde, passei a fazer algumas a computador para as minhas compilações de videoclips e da mesma maneira para as cassstes e os 1os cdr que fiz...
Mas fogo que tu foste muito longe na obsessão de ilustrar as caixas.
Belo artigo!!!

brain-mixer disse...

Peter, eu na altura não tinha computador... Porque hoje continuo a cortar/colar para as minhas DVDcapas no photoshop. Mas é com os posters que mais gosto e "limpo" a porcaria que as capas trazem (código de barras, frases do género <> ou mesmo os logotipos a mais). Mas arrependo-me hoje por nesses tempos não ter dado mais azo ao dedo, digo, desenho. Poderiam sair obras de arte como os famosos posters polacos :D

ArmPauloFer eu tenho muitas outras melhores que essa que mostro aqui, mas infelizmente já estão num estado lastimável, com a fita cola (de dois lados!) a saltar toda e as manchas castanhas a passsar para o outro lado do papel... Enfim, é o que se arranja.

Abraço a ambos!