Há tempos (anos...) tinha dedicado uma lista às películas curiosamente criativas, e diferentes que descobria na altura. Seguiu-se logo de outra lista mais experimental, artística mas igualmente surpreendente.
Hoje, meus amigos, a trilogia completa-se: A terceira parte das "surpresas criativas" chega hoje ao Brain-Mixer.
Koyaanisqatsi (1982)
"Life out of balance", é com esta frase que este documentário faz ecoar pelas memórias do cinema. Sim, é um documentário. Não é isso que lhe vai retirar o crédito de ser uma das experiências cinematográficas mais hipnóticas e esplendorosas que há memória. Resumindo, é uma junção de imagens e sons numa película, de um modo mágico e aterrador. É a mente humana e a transformação que a sociedade zombie está a tomar aos poucos. Realizado em 1983 por Godfrey Reggio, tem a banda sonora a cargo do génio Phillip Glass. O conjunto toma absoluto poder com a inclusão de uma banda sonora de antologia. Phillip Glass criou um verdadeiro ser que respira com as imagens.Visionamento obrigatório para os 'cinéfilos alternativos' e que se converteu numa trilogia: Powaqqatsi(1988) e Naqoyqatsi (2002) mas estes dois não têm o mesmo fulgor do original. Estes filmes são produzidos e apoiados por grandes cineastas de Hollywood, como Francis Ford Coppola no primeiro, novamente FFC em conjunto com George Lucas no segundo e Steven Soderbergh no último. Sem narração, sem explicações, apenas som e imagem. Para ver e ouvir. Fica à disposição do espectador analisar e reflectir sobre o filme.
(Chronos e Baraka seguiram o mesmo conceito mas sem a mesma importância artística)
Gerry (2002)
Dois homens. 1 deserto. Diálogos. Monólogos. Uma caminhada. Um destino. Os paralelismos com o teatro e ensaio leva este filme para um patamar além do cinema indie. Torna-se um filme experimental, estranho e de difícil aceitação do grande público. Não aconselhável a amantes de blockbusters. Eu estou lá incluído...
Renaissance (2006)
Sin City abriu caminho, os franceses aproveitaram a ideia. Parte filme, parte BD, esta animação liberta-se do tradicionalismo artístico (quer seja 2D ou 3D). O ambiente contrastante de luz e sombra, formas e vazios, preto e branco, resulta de uma nova visão cinematográfica. Desde Branca de Neve de Walt Disney a Wall-E de 2008, a animação renova-se a cada criação original.
Zidane - Um retrato do século XXI (2006)
A meio caminho entre o documentário desportivo e a arte conceptual, "Zidane" consiste no acompanhamento de uma partida de futebol por inteiro (Real Madrid vs. Villareal, 23 Abril 2005). A extraordinária diferença entre um mero jogo futebolístico e esta obra é a total perspectiva das câmaras focadas absolutamente num mesmo ponto: O jogador Zinédine Zidane. 17 câmaras de alta definição seguem o jogador durante 90 minutos, com uma duração mais curta no "filme" devido à sua expulsão no final do jogo. Enquanto está em campo, as suas expressões, pulsações, esforços e garra de jogar são captadas pelas "BigBrotherianas" câmaras.
Grindhouse (2007)
Recuperando a temática de certos filmes dos anos 70', a experiência era duplicar o entretenimento. Dobrar as quantidades de gore e acção. Repartir a sessão em duas. Com Planet Terror e Death Proof, numa sessão dupla à moda antiga, servida por dois dos mais conceituados cineastas de culto. O experimentalismo renovador ultrapassa-se com os trailers falsos incluídos no meio das duas obras. Pena mesmo a iniciativa não ter resultado nos EUA, de forma a que no resto do mundo os dois filmes fossem lançados separadamente.
(E talvez mais tarde falaremos de um filme apenas com trailers falsos, que Eli Roth anda a preparar, graças à sua participação neste projecto)
Fantasia (1940)
A animação por capítulos. o filme-mosaico que se transforma pelas mãos de diversas histórias e artistas diferentes. Quer seja sobre a vida na grande cidade ou um lirismo visual e até mesmo com bailado. Fantasia foi uma obra de arte que se regenerou em 2000, com a inclusão de alguns novos segmentos.
As narrativas múltiplas foram aproveitadas por muitos outros filmes. Entre estes, que nos leva a...
Quatro quartos (1995)
Um personagem para quatro histórias. Quatro histórias para quatro realizadores. Com um empregado de hotel interpretado por Tim Roth, os cineastas servem-se das suas aventuras entre cada quarto para narrar as suas obras. Em cada quarto, um capítulo. Quase como pequenas curtas-metragens interligadas por este estranho e azarado personagem. Robert Rodriguez e Quentin Tarantino foram dois dos que participaram no filme.
11'09''01 - September 11 (2002)
Outro filme-mosaico (ou conjunto de curtas-metragens), que conta os efeitos do ataque terrorista de 11 de Setembro. Contado por diferentes pontos de vista em redor do mundo inteiro, é uma visão global do acontecimento que mudou a Aldeia Global. Desde os (inevátáveis) Estados Unidos, passando pelo Japão, Israel, Europa, México, etc.
A duração da obra é também ela curiosa: Onze curtas de 11 minutos, 9 segundos e 1 frame cada.
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