17/06/11

Sequelas que repetem a fórmula

Refazer na sequela.
Recomeçar igual, ou com os mesmos pontos que marcaram o original.
Copiar a papel químico os momentos marcantes do filme original.
Curiosos?



A sequela-remake
Refazer um filme que se auto-intitulava de low-budget, onde se refazia o mesmo com um maior orçamento. Mais explosões, melhores efeitos visuais, e actores sonantes. 

EVIL DEAD 2

O primeiro Evil Dead marcava um território de Sam Raimi, com um bosque amaldiçoado e um espírito que atacava Bruce Campbell e amigos. O segundo filme é um remake com maior orçamento do original. À medida que a narrativa se desenrola, percebemos que é exactamente a mesma história do 1, até ao momento em que o espírito ataca Bruce indo na sua direcção. Se em Evil Dead a história acabava aí, em Evil Dead 2 continua esse ponto. Então, se durante a primeira meia hora de filme reconta (refilmado) o que já conhecíamos, o resto do filme é já uma história totalmente original já com efeitos vistosos e uma actuação mais credível, para além de um maior desenvolvimento de personagem. Há uma maior diferença de género entre od dois, o 1 como Horror e o 2 mais em tom de comédia. E Ash não teria a sua motoserra-mão se não fosse esta continuação.


DESPERADO

Desperado é mais do mesmo. Robert Rodriguez quis contar como devia ser a história, após dar que falar com um baratíssimo filme independente a fazer furor em Sundance. Mas o "como devia ser", para ele era ter explosões, estampar o Banderas e o nosso Quim a chatear-lhe o juízo. A grande diferença mede-se no orçamento obtido para criar esta sequela/remake. Apesar da diferença económica, o realismo violento é até mais chocante no filme original, vá-se lá saber porquê (PG-13, helloooo). Esse dinheiro extra(ordinário) permitiu-lhe criar cenas de acção mais elaboradas e duas sequências de tiroteio inesquecíveis. Nesse final traz até mesmo uns amigos, sendo um deles o próprio actor que interpretava o personagem principal. Weird...

ESCAPE FROM L.A.

A mais-que-esperada sequela do sucesso de 1981 é nada mais que um lifting do original, muito do qual é idêntico ao Escape from NY. Bem, se não contarmos com a mudança de localização (troque-se New York por Los Angeles) e um Snake Plissken 15 anos mais velho... Apesar da tentativa, foi um dos casos em que não resultou muito bem. Quem sabe se uma sequela com outro formato, mais arriscado e ambicioso (e a onda gigante não conta!) pudesse ser mais cativante.





A sequela reciclada
Uma nova aventura, distanciada do primeiro mas com alguns pontos coincidentes. A estrutura é muito idêntica apesar de ser uma história diferente.
Há ali referências nostálgicas ou apenas por in-joke.


TERMINATOR 2

Os momentos-chave dos filmes são as cenas de acção, dominadas por perseguições implacáveis entre camiões, motas e carros entre si em diversos momentos de ambos os filmes. Cada sequência é passada a papel químico do primeiro para o segundo, trocando-se a ordem de quem conduz o quê.
O factor novidade e frescura é a inversão de papéis: O T800 passa de mau a bom, a Sarah de pobre indefesa a heroína musculada e John faz aqui de indefeso... É só ligar os pontos de união entre dois filmes tão próximos um do outro.
Outras cenas que fazem lembrar o clássico de 1984 é a agora tradição de manter o clímax final em locais industriais. Ou ter as frases "Come with me if you want to live", "Get out" ou "I'll be back" em todos os filmes da série.
Mas há algumas cenas que piscam mesmo o olho ao original. Quando Sarah Connor se afasta de Reese no final do 1 e ele lhe grita para fugir, mesmo ela resignada, no 2 temos a mãe a fazê-lo ao filho, ao colocá-lo no tapete rolante. E a mais icónica de todas: Quando o Terminator sai do meio dos destroços de um camião cisterna em chamas, há a espera de ver o T1000 sair das mesmas chamas na 1º perseguição. Foi tudo uma questão de suspense e timing.

Home Alone 2
Kevin Mccallister fica por duas veze esquecido. Com as devidas diferenças, o humor passa pelas mesmas ocorrências.
E os "best moments" repetem-se: Os clips do filme de gangsters a preto e branco a ser usado de forma semelhante, a hedionda personagem com que Kevin se assusta mas na verdade acaba por acarinhar no final ou até aqueles pequenos gags repetidos e alterados de um para o outro...

Hangover 2

Las Vegas ou Bangcock, a bebedeira dá sempre o mesmo resultado: Ressaca e amnésia.
Não interessa se algo aconteceu de mau, nessa manhã tem de haver um animal exótico, uma enorme anomalia na cara de Stu, alguém desaparece da noite para o dia e... um casamento fica em risco de não ocorrer. Piadas novas, situações idênticas.





As sequelas-reboot
Uma sequela há muito esperada, mas que corta com partes de um passado turvo. Introdução de personagens novas ou eliminação total de erros em algumas sequelas são recorrentes.

Predators

Após o Predator 2, não havia nenhuma expectativa de haver um terceiro filme. Tanto que o sucesso nem foi nada de especial. O Predador ficou em águas de bacalhau... Até uma rivalidade vir ao de cima: AVP iria ajudar a relembrar a criatura (ambas). Mas nem esse, nem a seuqela fez jus ao material e decidiu-se riscar da continuidade qualquer ligação com estes filmes não canônicos. Predators viria pouco depois, com produção de Robert Rodriguez a querer homenagear o clássico filme de 1987. Não só o ambiente seria novamente numa densa selva tropical, como seria um novo grupo armado e treinado para matar a ser alvo da matança. Pequena reviravolta: Nada de planeta Terra. Agora estamos num planeta longe do nosso, desconhecido. Daqui para a frente temos os tais piscares de olho às cenas que marcaram o filme com Schwarzie, como as frases "Over here..." "You ugly motherfucker", a utilização da lama, entre outras semelhanças.
E até o elenco tem parecenças: Há o "da minigun", um "gajo das facas/espadas", um preto careca e uma mulher. Predators poderia chamar-se Predator 3? Talvez, mas essa não é a ideia. Tanto que o final indica que continuaria nesse planeta. Quem sabe que venha uma sequela chamada Predators 2.

Superman Returns

Este foi realmente um caso especial. Bryan Singer quis relegar para um canto o 3º e 4º filme, fazendo esquecer que existiriam. Sendo então uma sequela directa do filme de Donner, e ele aceitando o Superman 1 e 2 como um filme só (lembrem-se que o plano seria ser um filme só de quase três horas, até decidirem cortar ao meio), o Superman Returns pode ser visto como A sequela de Superman? Como um segundo capítulo? Confuso...
Talvez, antes pelo contrário, ser uma tentativa de relançar a saga para um público mais jovem, onde o passado que não é esquecido mas é "editado". Singer quis recomeçar em alguns pontos: Podemos ver que Lex Luthor está de volta (novamente) e a estrutura não é muito diferente da do filme de 1978. Até alguns momentos de adolecência de Clark Kent em Smalville volta a aparecer.
Resultou? Não. A Warner decidiu fazer um reboot como deve ser.
Agora o novo filme de Zack Snyder para o ano que vem, isso já é outra história...





As sequelas-update
Revitalizar um objecto desactualizado para os dias de hoje, com uma frescura própria para o público mais jovem e exigente. Isso aplica-se essencialmente em casos de desgaste visual.

Alice in Wonderland

Tim Burton fez algo mais curioso (confuso): Pegou em ambos os livros (in Wonderland e through the looking glass) para fazer um só filme. Então é um remake e uma sequela ao mesmo tempo. Mas é acima de tudo uma sequela das histórias originais porque refere no começo do filme que Alice está agora crescida e lembra-se que em criança esteve nesse mundo imaginário. A toca do coelho, os frascos de encolher/crescer, o Chapeleiro Maluco, etc.
Mas porquê então repetir todas as sequências do livro? A primeira metade do filme é um remake de, por exemplo, filme de 1952 da Disney, a versão animada. Era para terem a sua versão live-action e... em 3D. Outch.

Tron Legacy

A nostalgia percorre 28 anos desde a introdução de gráficos computorizados utilizados pela primeira vez até aos dias de hoje, onde o CGI é rei e senhor. A sequela tardava em aparecer, para revitalizar um conceito que transpirava efeitos visuais até ao tutano. Jeff Bridges regressa, mas o filho é que passa pelos mesmos obstáculos e desafios que em 1982. Tiro ao alvo com os discos, as famosas corridas das Lightcycles Bikes e um vilão do Computador, com as devidas mudanças. As semelhanças estão lá, apesar do lifting para um novo público: Não é o mesmo espectador naif da década de 80, este de agora já fala em bits desde o primeiro "bê-a-bá" e não se surpreende com estes mundos virtuais. Sucesso? Nem por isso. Mas os dados estão lançados para uma nova sequela...

1 comentário:

Peter Gunn disse...

Grande lista. Adorei! =)

O Evil Dead 2 e o Desperado foram belas apostas sem dúvida, talvez numa variante mais cómica mas mesmo assim belos filmes!

O Escape é como dizes... infelizmente foi mais do mesmo :(

O Terminator 2 felizmente acabou por ser feito e tornar-se aquele monstro de filme que se sabe =)))

Agora os Home Alones e Hangovers... bem que podiam ter ficado na gaveta!