13/04/09

Tendências de Hollywood

Tendências de Hollywood

Adaptações literárias, sequelas e remakes sempre dominaram as tendências de Hollywood. Lucro fácil, produção acelerada. Mas há tendências por cada época ou década que se desenvolve mais que outra qualquer: Pouco ou nada se fazia por alturas dos anos 30 e 40 senão o Film Noir, filmes musicais nos anos 50 e westerns na década de 60. Monstros de série B no tempo da Guerra Fria e filmes-catástrofe nos anos 70 e 90, dominavam as salas de cinema das suas épocas. Ora se antes apenas as adaptações de séries nos anos 90 e posteriores anos ditavam as modas, actualmente as adaptações BD estão a dominar o mercado. Mas não só à volta de filmes sobre superheróis e humanos mutantes gira a esfera económica do cinema comercial norte-americano.

O modo mais fácil de render dinheiro é refazer do mesmo modo. Remakes: Já tudo está feito, basta para isso arranjar um punhado de novos actores, novos locais e filmar novamente. De grosso modo é isto mesmo. Fora algumas boas excepções, os remakes basicamente não passaram disto: Uma sombra do original.

As novas formas de reinventar uma obra nos dias que correm são já inúmeras. Mas a “reimaginação” de uma história (Reimagining) é a que está a dar cartas, que se tornaram populares por descreverem remakes não tão próximos do original, sendo mais uma outra leitura pessoal do novo realizador. O termo é usado por criadores de marketing para informar que o novo produto não é o mesmo que o antigo. Ele distancia-se pelo estilo característico cunhado pelo realizador. Frequentemente leva a controvérsias com comunidades de fãs agarradas ao já estabelecido por um filme de culto ou dito de cariz popular. Exemplos múltiplos passam por Planet of the Apes de Tim Burton, The Texas Chainsaw Massacre de Marcus Nispel e Halloween de Rob Zombie, entre outros…

O Terror Asiático é um terreno fértil para a sanguessuga americana. A cada ano que passa, um novo filme oriental é transformado para consumo norte-americano. Se antes o cinema francês (em particular as suas comédias) era constantemente recriadas para um público americano. Agora o país de origem preferencial é outro e os japoneses, coreanos e chineses são assediados constantemente pelos filmes que lançam. Kairo (2001) tornou-se em Pulse (2006), Ringu (1998) passou a chamar-se The Ring (2002), Dark Water (2002) é Dark Water (2005), Ju-on: The Grudge (2003) passou apenas a The Grudge (2004), um outro apresentado é One Missed Call (2008) a partir de Chakushin Ari (2004). O último espécime é The eye derivado do homónimo The eye (2002). Simples, não?


Mais simples que isto é repescar os próprios filmes da casa e revitalizá-los para uma audiência mais fresca. Uma onda de nostalgia atacou o cinema e atracou no terror dos anos 70 e 80. Dawn of the dead deu que falar, The Hills Have Eyes até que nem desiludiu, The Hitcher, The Omen e The Invasion nem aqueceram o lugar, The Fog já foi e Piranhas vem aí brevemente. Se um filme de horror difere num grande leque de estilos, desde o filme mudo Nosferatu até aos monstros de CGI dos dias de hoje, nota-se que actualmente há uma falta de apetência para inovar. Caso óbvio é todo e qualquer filme que nos é apresentado com algum vírus mortal e contagioso. Isso leva-nos inevitavelmente a zombies, muitos zombies. Todos eles são tão iguais entre si e ninguém parece dar conta disso...

Mas se nos remakes em género de terror a coisa se complica, noutras áreas parece estar tudo muito bem definido: As sequelas são uma fonte segura de receitas e de expansão. Uma mini moda vagueou por aí há uns tempos: Os ‘monster clash’: Dois personagens/monstros de peso defrontando-se num filme só, para regalo dos geeks e capitalistas… Godzilla vs King Kong deu o mote há uns 45 anos atrás. Hoje reconhecemos títulos como Freddy vs Jason e Alien vs Predator. Muitos deles com espírito série B, alguns roçando mesmo série Z. Mas blockbusters como Van Helsing e League of Extraordinary Gentlemen (este já por si uma adaptação BD) falharam redondamente e comprometeram um futuro que se prometia lucrativo para os estúdios. Actualmente estão a tentar voltar em força com dose dupla vindo do mundo dos ‘Comics’: The Justice League of America e The Avengers estão em preparação para um lançamento de arromba. Boatos já antigos previam um Superman & Batman, mas parece ser um projecto já morto.

A certa altura alguém achou que as franchises estavam a dar mostras de cansaço. Nada melhor que um reinício, recomeçando do zero qualquer série de filmes de sucesso que de alguma forma atingiu um estado de saturação ou de má reputação. Um reboot directamente ligado às prequelas. Pretende-se com isto repor a credibilidade a estes formatos e porque não também, reaver o dinheiro perdido... Batman Begins, Casino Royale e Star Trek são os filmes mais flagrantes de um método tão polémico como frutuoso e positivo para as suas raízes. Em projecto estão já os inevitáveis filmes de terror como o Chucky e A Nightmare on Elm Street. Friday the 13th foi o mais recente. Dois casos de longevidade que suplantam qualquer saga de horror.


Nova galinha dos ovos de ouro para as sequelas: Ressuscitar heróis míticos dos anos 80. John MClane, Rocky, Rambo e Indiana Jones aparecem velhos e cansados. Mas não será por isso que argumentemos serem maus filmes. Nada disso, é apenas a nostalgia a trabalhar em indivíduos que já nos deram obras de mérito reconhecido.



O sucesso de Transformers no Verão de 2007 abriu novos horizontes para um mercado pouco explorado. O caminho segue para as adaptações dos desenhos animados dos anos 80. E se antes do filme de Michael Bay já tinham surgido as Tartarugas Mutantes em animação CGI, posterior a estes dois são transpostos em imagem real Alvin and the Chipmunks. Novo sucesso a continuar o fenómeno dos ‘eighties’. Isso leva a vertente inevitável da gestão de projectos cinematográficos: Doses massivas de cartoons dessa década nos cinemas. Prosseguimos com Dragon Ball e GI-Joe, para estarem em produção outros mais tanto em imagem real (como se esperam Voltron e He-Man) como em animação CGI (Thundercats e Estrunfes).



Um caso que espelha todo este delírio vampiresco dá pelo nome de The Scorpion King: Rise of the Akkadian (2008). Sequela já anunciada de The Scorpion King (2002). Sim, aquele filme com Dwayne ‘The Rock’ Johnson. Ora senão vejamos: Se ele nasce de um spin-off de The Mummy Returns (2001) realizado por Stephen Sommers, este último já sendo uma sequela do filme The Mummy (1999), que por si já era um remake do famosíssimo filme-de-culto The Mummy de 1932, podemos concluir que “algo está podre no Reino de Hollywood”…Refazer, reciclar e reutilizar está na ordem do dia. Valha-nos o cinema de autor.

Artigo publicado na TAKE Março, nº1

2 comentários:

Anónimo disse...

Bela reportagem na Bélgica, Edgar :)

Peter Gunn disse...

E acho que está tudo dito! Nada se perde, nada se ganha, tudo se transforma... mas será mesmo assim?

Eu acho que se perde sempre que estamos a ver um filme novo de um herói que nos marcou no passado pois acabamos sempre por não gostar do que estamos a ver... como bem dizes no caso do Rambo ou do Indy, é claro que existem raras excepções como o Dark Knight...

Quanto ao que se ganha com estas novas adaptações de ideias antigas... acho que só mesmo os estudios é que ganham alguma coisa... nós os cinéfilos às vezes nem uma hora e meia de entretenimento ganhamos... o que é triste devido ao cada vez mais caro preço de cada bilhete.

Acho que só tiveste um pequeno "engano" em todo o texto, foi o facto de ocultares os filmes das Tartarugas Ninja feitos em imagem real que apareceram no inicio da decada de 90, muitos anos antes da adaptação CGI. Mas isto sou só eu a implicar contigo pois o texto está optimo :)

Um abraço